Ela recebeu dosagens leves de medicação mas, conforme os sintomas pioraram, teve de aumentar a dosagem cada vez mais. “Eu estava com sintomas muito fortes: ouvia apitos como se fosse um trem passando, enxergava luzes estranhas, tinha tontura”. Por volta da 35ª semana, foi afastada do trabalho e precisou ser levada ao hospital, onde acabou tendo o parto antecipado em duas semanas.
O que Nina teve foi uma pré-eclâmpsia de grande gravidade. Essa é uma síndrome hipertensiva que acomete entre 4% e 8% de todas as grávidas. Embora acredite-se que ela esteja ligada à formação da placenta, ainda não se sabe exatamente suas causas. O E+ conversou com especialistas para saber como deve ser o acompanhamento das mulheres do grupo de risco e quais são suas consequências caso não seja tratada da forma devida.
O ginecologista e obstetra Élvio Floresti Junior explica que a pré-eclâmpsia é detectada, em média, por volta da 30ª semana, podendo aparecer antes ou depois. “Se esse aumento da pressão é acompanhado de edema (inchaço), algumas alterações renais e eliminação de proteína pela urina, esse conjunto de sintomas vai caracterizar pré-eclâmpsia”, explica. Ela geralmente acontece de forma leve e pode ser tratada com repouso e medicação, que diminuem a pressão.
Nina conta que não teve um acompanhamento médico adequado: “Infelizmente, não tive tanta sorte com obstetra. O meu desmarcava as consultas com bastante frequência. Por isso, acabei passando com vários, pelo menos uns três intercalados, e não consegui ter um acompanhamento legítimo”.
A médica Leila Correa, do Hospital Sírio-Libanês, ressalta a importância de se fazer o pré-natal, acompanhamento médico durante a gravidez, corretamente. “Aconselha-se a medir a pressão da gestante em todas as consultas. Já na primeira, a gente detecta se é mulher com maior risco de desenvolver pré-eclâmpsia e tomamos medidas preventivas”, diz.
“Se a gestante apresentar sintomas como enxergar pontinhos pretos ou brilhantes, dor de cabeça persistente, ficar sonolenta, apresentar confusão mental, sentir falta de ar e dor na parte superior do abdome, é preciso avisar o médico”, alerta Leila.
A mulher ainda permanece sob observação por algum tempo após o parto, mas normalmente a hipertensão desaparece logo após a retirada da placenta. Entre as mulheres com maior risco de ter pré-eclâmpsia estão: mulheres que já tiveram a síndrome anteriormente em suas versões mais graves; mulheres previamente diabéticas; gestação múltipla (gêmeos, por exemplo); mulheres com doença renal crônica; mulheres com doenças autoimunes; gestantes pela primeira vez; gestantes com casos de pré-eclâmpsia na família; obesidade e mulheres com hipertensão crônica.
Caso a pré-eclâmpsia piore, é preciso internar a mulher. “O risco para a mãe é de desenvolver um quadro mais grave com consequências clínicas. Ela pode ter complicações de coagulação como, por exemplo, hellp síndrome (quadro de hipertensão mais grave) e pode evoluir para uma eclâmpsia, convulsão possível tanto na gestação quanto no pós-parto, que pode levar até ao óbito materno”, explica a médica.
Já para o bebê, os riscos são de restrição do crescimento fetal, baixo peso e maior risco de prematuridade. Nos casos mais graves, pode acontecer o deslocamento da placenta, o que leva o feto à morte. “É raro, mas às vezes é preciso antecipar o parto para preservar a vida do bebê”, diz Élvio.
Esse foi o caso de Nina. Ela teve que optar por antecipar o parto porque corria o risco de desenvolver eclâmpsia. “Monitoraram para saber se eu poderia ter parto normal porque era algo que eu queria. Só que, como a pressão não baixou, fizeram cesárea. Eles disseram que o processo de parto faz a pressão aumentar ainda mais e poderia ser perigoso”, conta. Élvio diz que fazer cesárea é o mais comum nesses casos, mas não é obrigatório. Essa decisão deve ser feita conjuntamente entre a gestante, o médico e a equipe hospitalar, levando em conta a situação da paciente.
O obstetra Élvio recomenda exercícios físicos no controle da hipertensão arterial: “Hidroginástica, pilates, alongamentos, massagens e drenagem linfática são os mais recomendados. Lembrando que é sempre fundamental consultar um médico antes para ter certeza que a gestante pode praticar atividade física”.
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